Zé Pegádio

Empresa que construirá Trecho Leste receberá permissão para explorar Trecho Sul; definição pode sair em dezembro
A cobrança da tarifa de pedágio no Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas pode chegar antes de 2011. Caso a licitação para escolha da empresa ou consórcio que construirá o Trecho Leste seja concluída até dezembro, a operação pode iniciar ainda neste ano. Isso acontece porque a empresa escolhida por meio da licitação também receberá a concessão do Trecho Sul do Rodoanel. Seis meses depois de inaugurado, o trecho ainda está inacabado.
A abertura dos envelopes com a documentação necessária para a concorrência deve ser realizada pela Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo) no dia 4/11. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado dos Transportes, após a abertura pode demorar até um mês para que a empresa vencedora seja anunciada, já que, caso alguma concorrente seja desclassificada, terá prazo de cinco dias úteis para apresentar recurso. No entanto, esse tempo pode ser menor, o que faria com que a operação da empresa começasse antes.
Ainda conforme a Secretaria, porém, para bater o martelo é necessário que a licença ambiental para o Trecho Leste seja expedida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e que a assinatura do contrato seja oficializada, o que pode emperrar o processo e fazer com que o pedágio chegue apenas no ano que vem, conforme foi anunciado durante a inauguração do Trecho Sul, em abril.
O período de concessão será de 35 anos. A tarifa máxima estipulada pelo governo do Estado é de R$ 6 para o Trecho Sul e de R$ 4,50 para o Trecho Leste. Ganhará a licitação a empresa ou consórcio que oferecer o maior desconto sobre as tarifas, que serão reajustadas anualmente pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Quem ganhar o Trecho Sul do Rodoanel, com 61,4 km de extensão, ficará obrigado a construir 42,4 km do Leste em até 36 meses, a contar da assinatura do contrato. O projeto terá investimentos totais de R$ 5 bilhões, mais uma outorga fixa de R$ 370 milhões e o pagamento mensal, de praxe no setor, de 3% da receita bruta do pedágio e das receitas acessórias da administradora dos trechos.
O governo de São Paulo se articula para obrigar os caminhoneiros a percorrerem o trecho pedagiado. Para tanto, proibiu o tráfego de veículos pesados em dez vias do Morumbi, na Marginal Pinheiros e nas avenidas Jornalista Roberto Marinho e dos Bandeirantes.
O reflexo das medidas foi sentido já no primeiro semestre deste ano, quando houve aumento de 14% no fluxo de caminhões na via Anchieta, na qual o Trecho Sul desemboca, com relação ao mesmo período do ano passado.
Aniversário – Com seis meses de operação em outubro, o Trecho Sul do Rodoanel ainda apresenta problemas. Falta de sinalização em alguns trechos, iluminação deficiente, poucos retornos, ausência de postos de gasolina e guard-rail nas laterais da pista são citados por quem utiliza a estrada. No km 83, sentido Mauá, por exemplo, homens executavam nesta quinta-feira (07/10) obras para instalação das muretas de proteção.
Para o caminhoneiro Alex Basques, 35 anos, o excesso de neblina também é um fator complicador do Rodoanel. Há trechos em que não se enxerga nada e é preciso reduzir muito a velocidade. Situações desse tipo favorecem os acidentes, opinou.
Duas pessoas perderam a vida no Trecho Sul desde a inauguração. Ainda nesta semana, Fernando Marques da Costa, 33 anos, foi encontrado morto na altura do km 80, sentido Mauá. O motorista perdeu o controle do veículo e caiu ribanceira abaixo. No dia 04/08, o operador de máquinas Antônio da Silva Pereira, 33 anos, de Diadema, morreu no mesmo local. O motorista também perdeu o controle do carro e despencou cerca de 30 metros até a Billings.
Obras – A inauguração do complexo viário Jacu-Pêssego, que liga a avenida Papa João 23, em Mauá, à Capital, representa outro entrave. Prometida para ser inaugurada em abril deste ano, com o Trecho Sul do Rodoanel, segue até hoje sem data definida para ser aberta ao tráfego.
Na última terça-feira, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, foi vaiado por moradores do entorno, que se sentem prejudicados pela demora na entrega. A visita do candidato a esse ponto durou menos de cinco minutos, e o restante foi percorrido de carro. Em um trecho mais tranquilo, Serra garantiu que abraçará a obra para que a entrega seja feita o mais rápido possível.
fonte: Jornal ABCD Maior – 11/10/2010