Omissão com o Magistério
Convidados para debater com os líderes partidários e os representantes do Magistério a paralisação dos professores paulistas, os secretários da Educação, Paulo Renato Souza, e de Gestão Pública, Sidney Beraldo, não compareceram à audiência pública, realizada na tarde desta terça-feira no Auditório Franco Montoro.
O trabalho do Colégio dos Líderes impediu que a Assembleia fosse mais uma vez humilhada pelo Palácio dos Bandeirantes e garantiu a realização desta audiência, disse o deputado Antonio Mentor, líder da Bancada do PT, que destacou também a pauta de reivindicações e a paralisação dos funcionários da Saúde e delegados de Polícia.
Os deputados aprovaram uma lei antifumo e agora teremos que aprovar uma lei antidrogas para banir José Serra do cenário político, indignou-se Mentor em coro, aos representantes das entidades de classe presentes à audiência.
Comandada pelo deputado Barros Munhoz, presidente da Assembleia, a audiência reuniu os líderes da paralisação nas escolas estaduais paulistas, iniciada no dia 08 de março, e dezenas de dirigentes sindicais, inconformados com as mentiras e omissões da Secretaria da Educação em relação à paralisação.
Bota-Fora
Segundo o deputado Enio Tatto, havia ordens do Palácio dos Bandeirantes para que a audiência pública não fosse realizada com os líderes sindicais. Nem mesmo o líder do governo e seus dois vice-líderes no Legislativo vieram conversar com o Magistério. Acho que a manifestação que a categoria vai realizar na sexta-feira em frente ao Palácio dos Bandeirantes será um bota-fora merecido para José Serra, disse Tatto.
A presidente da Comissão de Educação, Maria Lúcia Prandi, apresentou aos deputados a carta aberta distribuída pelos profissionais do Magistério desde o início da greve, no dia 08 de março, com as reivindicações da categoria que o governador e o secretário negam ter conhecimento. A negociação coletiva é direito garantido pela Constituição aprovada em
Mar de gente
Também foi motivo de revolta entre os líderes do Magistério e deputados da oposição, a estratégia de negar a greve adotada pelo Palácio dos Bandeirantes. O deputado Roberto Felício, que esteve nas três assembléias realizadas pelos grevistas da Educação, duvidou que as informações oficiais sobre o número de participantes das assembleias tenham sido repassadas à imprensa pelo Comando da Polícia Militar devido à distorção. Os participantes falam em 60 mil pessoas, as fotos indicam uma multidão cobrindo a Avenida Paulista e Rua da Consolação, mas o número oficial de presentes, segundo fontes do Palácio dos Bandeirantes, é sempre 8 mil.
A manifestação realizada no último dia 19 reuniu uma multidão, que lembrava o movimento pelas Diretas Já, e assim como naquela época era a verdadeira expressão da insatisfação popular com a política deste governo, disse Felício.
O deputado Vanderlei Siraque também considera que a política de investir pouco e sucatear o serviço público é o principal motivo da insatisfação do Magistério. Eles querem jogar a responsabilidade pelas escolas para os municípios e entregar projetos pedagógicos para a iniciativa privada, denunciou Siraque. O deputado Simão Pedro também culpou a incompetência e intransigência do governo pela greve dos professores.
Exorcismo
Já o deputado Adriano Diogo revelou-se traumatizado com a atitude do governador. Acredito que Serra está recebendo mensagens de todo o País para tratar a Educação de forma menos brutal. Mas acho que precisaremos realmente exorcizá-lo quando ele deixar o Palácio dos Bandeirantes, ironizou Diogo.
Os deputados de base de apoio ao governador José Serra presentes à audiência não se manifestaram. Entre os petistas, também estiveram no Auditório Franco Montoro, Hamilton Pereira, Carlinhos de Almeida e Ana do Carmo.
O presidente da Assembleia, Barros Munhoz, prometeu exercer o direito conferido pelo mandato e buscar o entendimento entre o Governo do Estado e os seus servidores.