Segurança está comprometida nos presídios do Vale do Paraíba

19/10/2012

Uso livre de celulares

Aparelhos existentes não atenderiam a necessidade das unidades. Problema permite uso dos aparelhos celulares de dentro dos presídios

Aparelhos de detecção sucateados, falta de agentes penitenciários e superlotação de unidades. Esta é a situação atual das unidades prisionais da região do Vale do Paraíba, segundo o sindicato que representa os agentes penitenciários.

A combinação faz com que a segurança fique comprometida nos presídios e, segundo o mesmo sindicato, rebeliões só não aconteceriam porque os presos desfrutam de regalias, como o uso irrestrito de celulares, como mostrado em reportagem do Jornal Vanguarda desta quinta-feira (18/10).

“Há uma situação de caos total no sistema carcerário. O Centro de Detenção Provisória (CDP) de Taubaté, que está superlotado, recebe 500 visitantes de presos apenas em um domingo. O agente penitenciário faz o que pode, mas são apenas duas agentes para fazer a revista nas mulheres”, diz Jenis de Andrade, representante do sindicato dos funcionários do sistema prisional.

Os presídios masculinos do complexo penitenciário de Tremembé e Taubaté abrigam atualmente 4.961 presos – quase o dobro da capacidade total das unidades que é de 2.713 detentos. A situação mais complicada é a do Centro de Detenção Provisória (CDP), de Taubaté, que tem capacidade para 768 presos e hoje abriga 1.982.

Celulares

Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), de janeiro a agosto deste ano foram apreendidos 1.544 celulares nas unidades prisionais da região do Vale do Paraíba e litoral, sendo 1.102 em presídios de regime semiaberto, onde o detento tem contato com o ambiente externo. No ano passado, durante o mesmo período, foram 788 aparelhos apreendidos.

Escutas autorizadas pela Justiça revelam que esses celulares permitem que os presos conversem o dia inteiro no telefone. Tempo suficiente para reclamar da qualidade das drogas e de se cansar das conversas.

Confira trechos da conversa:
“Quebra as minhas pernas desse jeito.”
“Melou a farinha (cocaína)?”
“É, melou. Parecia uma sopa. Maconha, a mesma maconha da semana passada.”
“Mano, se você vender isso aqui na cadeia, os caras batem na gente. O bagulho não pega fogo, o bagulho vira torrão”.
“Nóis (sic) tá passando vergonha aqui, meu”.
Em outro trecho ele se despede:
“Deixa eu descansar também. Fiquei o dia inteiro com o telefone na orelha. Então, tchau. Fica com Deus”.

Outro lado

A SAP informou, por meio de nota, que todas as unidades estão equipadas com aparelhos de Raio-X e detectores de metal de alta sensibilidade. O sindicato contesta a eficiência destes aparelhos.

“Os aparelhos de Raio-X existentes servem para passar em objetos, não em pessoas. As unidades necessitam é de um aparelho como aquele utilizado em aeroportos, para pessoas. Hoje, se necessitamos de uma análise mais detalhada, a pessoa é levada pra o hospital. Mas já estamos em um ponto que o médico não quer fazer, ele exige uma ordem do juiz”, diz Jenis.

Para o Ministério Público, é preciso aperfeiçoar os métodos de revista. “Hoje é muito bem feita pelos agentes, mas precisa, é claro, ser aperfeiçoada. A solução é impedir a entrada de sinais de celulares dos raios das unidades prisionais”, diz Paulo José de Palma, promotor da vara de execuções criminais de Taubaté.

Sobre a reclamação do sindicato, a SAP foi procurada às 11h24 desta sexta-feira (19), mas até a publicação desta reportagem não comentou sobre os problemas.

fonte: Portal G1

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