Segurança Pública mata mais do que reprime em SP e não inibe assaltos nem a shoppings

10/08/2010 17:20:00

Descontrole

 

Reflexo da equivocada política de Segurança Pública implantada em São Paulo, o descontrole no uso da força policial contrasta com o aumento da criminalidade no Estado. Até os shoppings centers, sempre considerados seguros, tornaram-se alvo da violência. Foram 12 assaltos em menos de 8 meses.

No último, ocorrido no dia 07 de agosto, dois seguranças foram baleados durante assaltos a duas joalherias no Shopping Santana; um deles está internado em estado grave, com uma bala alojada na coluna. Os assaltantes levaram o equivalente a R$ 250 mil em joias. Foi o 14º assalto a joalherias em 2010.

Por outro lado, a repressão policial deixa um número cada vez maior de mortos. Logo após o atentado contra o comandante da Rota, tenente-coronel Paulo Adriano Telhada, a Polícia paulista matou sete pessoas em um intervalo de 36 horas, um número seis vezes maior do que a média diária de tiroteios com mortes, registrada no primeiro trimestre deste ano.

Chama a atenção também o fato de que os arquivos da Rota registram em 2010 somente mortos, e não feridos, em supostos confrontos. Para especialistas, o dado é reflexo de um descontrole que atinge principalmente jovens da periferia, já que a expectativa em relação à repressão legítima à criminalidade é de que haja uma proporção maior de feridos.

Na última década, o número de mortos em abordagens e supostos confrontos policiais subiu de 400 para 800. Os policiais também são vitimados; só que neste caso, o número de feridos é maior.

Falta Inteligência

Ex-subsecretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Guaracy Mingardi, defende a priorização de políticas publicas consistentes nas áreas de Segurança e de Administração Penitenciária para controlar o uso da força policial e também livrar a sociedade do crime organizado, que pode ser o autor dos ataques contra a Rota.

Para Mingardi, o Estado precisa de um sistema de inteligência criminal que articule as diversas polícias estaduais, no combate ao crime. “Há vários anos, a máquina do Estado paulista esta tapando os olhos, deixando crescer uma instituição que poderá rivalizar com seu poder. E quando se der conta, será preciso uma guerra civil para resolver o problema”, alerta Mingardi em entrevista publicada no Jornal O Estado de São Paulo no último domingo (08/08).

Criado durante os 16 anos da gestão tucana em São Paulo por um grupo de criminosos que percebeu o potencial da população carcerária paulista, submetida a péssimas condições de higiene, à superlotação e sem direito a serviços de saúde e defensoria, o Primeiro Comando da Capital se organizou e assumiu proporções assustadoras.

Em referência ao grupo, Guaracy Mingardi disse ainda que “existe uma política deliberada da Secretaria de Segurança Publica de não mencionar o PCC, não discutir o PCC, não falar que o PCC manda nas cadeias, como de fato, manda. Fala-se em facção que controla as cadeias. Não é facção. Facção é uma parte. Aquilo não é uma parte, é um todo. É como se, ao não mencionar o nome, você o exorcizasse ou fingisse para a opinião pública que o assunto não existe.”.

 

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