Descaso e violência
Professores foram agredidos e presos em manifestação realizada durante visita do governador José Serra a Franco da Rocha, na tarde desta quarta-feira. A PM usou cassetetes e spray de pimenta contra os manifestantes que vaiavam Serra, durante a inauguração de uma obra.
Estamos assistindo uma cena deprimente. Além da falta de diálogo, há agora a violência física contra os trabalhadores, denunciou o líder da Bancada do PT, deputado Antonio Mentor, no Plenário JK da Assembleia.
Em greve desde o dia 08 de março, a categoria enfrenta grande resistência de diálogo com o secretário da Educação, Paulo Renato Souza, e o próprio governador.
As entidades sindicais protocolaram ontem o quarto pedido de negociação com o Palácio dos Bandeirantes e a Secretaria da Educação. A categoria também participou de uma audiência pública na Assembleia, presidida por Barros Munhoz (PSDB) com líderes dos principais partidos. Convidados, os secretários da Educação e da Gestão não compareceram.
Os deputados Carlinhos Almeida e Enio Tatto apresentaram hoje requerimento de convocação para que o secretário da Educação, Paulo Renato Souza, compareça à Assembleia Legislativa, para falar sobre a greve dos professores e a pauta de reivindicação da categoria. Segundo eles, a convocação tem por objetivo abrir um canal de diálogo entre o governo do Estado e os profissionais da Educação.
A greve dos professores também é tema recorrente no plenário da Casa, nos últimos dias. O desrespeito ao funcionalismo público, a ausência de reajustes e a política de avaliação por mérito adotada pelo Governo do Estado têm sido alvo de constantes críticas.
O Ato Público que o Magistério vai realizar na sexta-feira (26/03) em frente ao Palácio dos Bandeirantes é intensamente apoiado pela Bancada do PT. Será um bota-fora do Governo Serra, resumiu o deputado Enio Tatto. O Ato será antecedido por diversas manifestações regionais, como uma marcha de professores dos municípios de Taboão da Serra, Embu, Itapecerica da Serra, São Lourenço e Juquitiba. Eles sairão do centro do Taboão, às 12h00, e vão em passeata até o Palácio dos Bandeirantes.
Diálogo
No requerimento de convocação do secretário Paulo Renato, os deputados petistas dizem que diante do movimento realizado pelos professores, com grande impacto na sociedade paulista por sua força, legitimidade e mobilização, o convite tem por objeto abrir um canal de diálogo entre o Executivo Estadual e os trabalhadores da Educação para debater a pauta de reivindicação que levou a esta situação.
Conforme os deputados, o diálogo é a melhor e mais democrática maneira de se chegar a um resultado positivo tanto para o próprio governo quanto para a categoria e os estudantes.
Acrescentam que a falta de um canal de negociação é apontada por diversas entidades da Educação como um obstáculo para se construir um consenso em torno da pauta de reivindicação da categoria.
Denúncias
Durante a audiência pública de terça-feira, líderes do movimento falaram sobre as diversas tentativas de negociação e denunciaram a intransigência de Serra.
O aposentado é considerado persona non grata para o Governo do Estado – Maria Cecília de Mello Sarno (presidente do Sindicato de Supervisores do Magistério do Estado de São Paulo Apase)
Sem política salarial, o governo tenta inverter a pauta de reivindicações do Magistério – Maria Izabel Azevedo Noronha (presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo)
A greve foi a nossa última alternativa diante dos desmandos dos quais somos vítimas – Luiz Gonzaga (presidente do Sindicato dos Especialistas de Educação do Magistério Oficial – Udemo)
O Governo Serra mente o tempo todo e trata a população como um bando de bobos. Não existem escolas com dois professores em salas de aula e a meritocracia não passa de uma forma de reduzir o papel do Estado nas políticas públicas – Carlos Ramiro de Castro (presidente do Conselho Permanente de Negociação – Sinp)
O momento exige diálogo – Lineu Neves (representante da Federação Sindical)
O aposentado é tratado como se fosse o mal do Estado. Este é o 9º ano que não receberemos bônus – Wally Luhmann (1ª vice-presidente da Apampesp – Associação de Professores Aposentados do Magistério Público do Estado de São Paulo)
O Governo não se importa com a realidade. A greve dos professores cresceu, mas o secretário continua dizendo que há apenas 1% da categoria em greve – José Maria Cancelliero (presidente do Centro do Professorado Paulista – CPP)
Segundo a Secretaria da Educação, o salário dos professores chega a R$ 6,240,00. Gostaríamos que o Governo apresentasse apenas um holerite com pelo menos 50% deste valor – Fábio Santos de Moraes (representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE)
O governador está inaugurando prédios oferecidos por prefeitos, sem infra-estrutura e sem profissionais – Neusa Santana Alves (presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza – Sinteps)
Queremos a intervenção da Assembleia na intermediação das negociações – Telma de Souza (dirigente da Central Única dos Trabalhadores – CUT)
“A atitude de José Serra com os professores é muito parecida com a política de Paulo Maluf – Guilherme Nascimento (presidente do Centro Associativo dos Profissionais de Ensino do Estado de São Paulo – Capesp)
É covardia não conversar com os professores e ainda dizer que existem dois professores por sala de aula – Fábio Garcia (diretor da União Paulista dos Estudantes Secundaristas -UPP)