Debate
O direito à informação foi defendido pelos palestrantes da mesa Participação Popular e Comunicação durante o 1 Seminário de Comunicação do PT Paulista Diretrizes e Estratégias de uma Política Pública de Comunicação, que aconteceu na Assembleia no último sábado (15/5).
A deputada federal Luiza Erundina lembrou que esse é um tema que já está na agenda da sociedade, mas nem sempre está na agenda do poder. Erundina também elogiou a 1 Confecom que, segundo ela, acumulou forças políticas em torno de um debate urgente. Agora, precisamos de um protagonismo forte e competente da sociedade civil organizada para dar continuidade a esse processo. Foram 672 propostas e temos que elencar quais são as mais fundamentais. O Plano Nacional de Banda Larga do governo federal, por exemplo, é uma prioridade.
A deputada já aprovou no Congresso a realização de uma audiência pública para discutir os resultados da Confecom. É dela também a iniciativa de criação de uma frente parlamentar de democratização das comunicações.É importante que os municípios participem desse processo. Iniciativas em âmbito local têm repercussão em outras esferas e dão respaldo a uma minoria que luta por essa causa, afirmou a deputada.
Para Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre, o governo Lula trouxe avanços na área. Segundo ele, a recuperação da Telebras vai assegurar a participação popular por meio do acesso à Banda Larga.
Mas o jornalista também lembrou que uma grande parte da população sequer entrou na era de Gutemberg. Ele aposta na criação de um jornal de massas no Brasil e citou experiências de jornais públicos na América Latina. Na Bolívia, o governo era diariamente atacado pela imprensa que chamava o presidente Evo Morales de narcopresidente. O governo, então, lançou um jornal estatal, Cambio, que, segundo Almeida, em setes meses já vendia mais do que outro que existe há mais de 70 anos. Além disso, custa cinco vezes menos do que seus concorrentes. Essa iniciativa fez com que, inclusive, houvesse uma melhora nos índices de leitura de jornais na Bolívia.
João Brant, do coletivo Intervozes, acredita que o caminho seja elevar cada sujeito a sujeito da comunicação, e que os governos municipais têm um papel fundamental nesse processo. A Comunicação deve ser pensada como participação popular, ligada a outras políticas de inclusão. Para ele, a Comunicação é um instrumento de democratização da gestão pública. Precisamos viabilizar que o cidadão se aproprie desse instrumento, que tem uma lógica bidirecional, completou Brant.
Erundina também falou sobre sua experiência à frente da Prefeitura de São Paulo, quando não se pensava em investir em Comunicação porque havia outras tantas prioridades. Não tínhamos um canal com a população. Hoje, 20 anos depois, entendo que a Comunicação é um direito, afirmou
Revolução informacional
A internet está provocando uma mudança de comportamento. Assim o professor Sergio Amadeu iniciou a discussão Os Governos do PT e a Mídia, na última mesa do seminário. Existe uma revolução informacional em curso. Superamos a revolução industrial. A capacidade da humanidade em processar informação nunca existiu nessa proporção.
Para ele, lazer e trabalho estão juntos no mundo informacional. Aí entram as redes sociais. 67% dos internautas estão nessas redes, o que significa 40 milhões de pessoas, acrescentou.
Amadeu citou pesquisa que mostra que 74% dos jovens de 16 a 24 anos estão conectados à rede. Nesse segmento, a internet é uma mídia de massa, afirmou.
Marcelo Branco, coordenador da campanha da pré-candidata Dilma Rousseff na web, falou que essa nova forma de relacionamento trouxe um empoderamento do indivíduo. Hoje, qualquer cidadão pode cobrir um evento. Queremos uma campanha descentralizada. Queremos que uma notícia postada no twitter ou num blog paute a imprensa, declarou.
Ele citou o exemplo do lançamento do blog da Dilma. Postamos o lançamento 40 minutos antes. A notícia foi se espalhando pela rede e, assim, pautamos a imprensa, que não pôde atacar antes e vir com um texto pronto.
Branco ainda explicou que hoje cidadãos comuns e grandes veículos de Comunicação possuem a mesma matriz de mídia. Temos os mesmos recursos da Rede Globo para subir um vídeo ou publicar um texto. Temos que aproveitar esse momento.