Servidores dos CEETEPS pedem apoio aos deputados para repor perdas salariais de mais de 70%

24/08/2011 20:17:00

Audiência pública

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“Ou o governo do Estado decide que o Centro Paula Souza é importante e investe em seus profissionais ou,  então,  não haverá mais professores, nem funcionários para trabalhar”, desabafou Sílvia Helena de Souza,  secretária do Sintesp – Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza, em audiência pública, realizada nesta quarta-feira (24/8) na Assembleia Legislativa, para debater o Projeto de Lei Complementar (PLC) que trata do plano de carreiras e reajustes para os servidores dos CEETEPS – Centro Estadual de Educação Tecnológica. Sílvia se referia a evasão dos profissionais para outros mercados de trabalho que fazem uma valorização mais justa destes profissionais, tanto em termos salariais quanto em condições de trabalho.

Dezenas de professores, funcionários e alunos compareceram para defender a inclusão de emendas ao PLC que de fato valorizem os servidores.  “O projeto contém injustiças que precisam ser corrigidas. Não é possível admitir que a diretoria da instituição tenha a correção salarial plena de (75%), enquanto a maioria dos professores e funcionários têm apenas 11% de reajuste salarial”, ressaltou Neusa Santana Alves, presidente do Sinteps. Segundo ela, o que os profissionais do CEETEPS querem é a progressão automática para todos. “Nós já fizemos as contas e a progressão automática não vai onerar em nada os cofres do governo”, explicou Neusa.

A base do governo na Assembleia tem expectativa de votar o PLC, encaminhado pelo governador, na próxima semana, razão pela qual os deputados Enio Tatto, líder da Bancada do PT, e João Paulo Rillo, líder da Minoria, solicitaram a realização da audiência pública na Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação. “Um projeto dessa importância tem que ser discutido em uma audiência pública para que as partes envolvidas possam expor seus anseios e dificuldades”, explicou Tatto.

Segundo os sindicalistas presentes, as perdas salariais vêm sendo acumuladas desde 1996 e já somam 75% e, apesar de existir uma legislação que garante a data-base para 1º de março de cada ano, o último reajuste foi em 2005. “É um total desrespeito do governo do Estado aos 18 mil funcionários dos centros espalhados por todo o Estado”, disse José Hermes, representante dos funcionários.

Hora -aula é de somente R$ 10

Ao lado de professores e funcionários, vários alunos de ETECs – Escolas Técnicas Estaduais – fizeram uso da palavra para reforçar a necessidade de um reajuste justo. “Não é concebível que um professor de uma ETEC ganhe R$ 10 por hora-aula”, enfatizou a aluna Bernarda de Rezende.

Outras situações de descaso do governo tucano foram apresentadas por professores e alunos, como o vale-refeição no valor de apenas R$ 4; o sucateamento das instalações das unidades – com máquinas de instrução quebradas e falta de materiais de laboratório; a negligência com a aplicação das disciplinas de Sociologia e Filosofia; o não cumprimento do direito às servidoras aos 180 dias de licença-maternidade; a falta de acessibilidade nos prédios.

Ao defender o projeto do governo, a diretora superintendente do CEETEPS, Laura Laganá, concordou com os baixos salários pagos pelo Estado ao comentar a evasão de professores e funcionários para trabalharem em outros locais, onde há uma remuneração mais condizente com a realidade. Já a representante da secretaria de Gestão Pública, Gabriela Bayer, disse que o governo está concedendo o melhor que pode no momento, mas garantiu que o diálogo ainda se mantém aberto.

Tucanos defendem o Estado mínimo

“A cada fato, a cada projeto encaminhado pelo governo nossa percepção é cada vez mais clara com relação a defesa do PSDB ao Estado mínimo, que transfere toda a responsabilidade das políticas públicas para o mercado. A desvalorização do ensino técnico é mais uma delas. O governo ao anunciar um reajuste de 24% para os profissionais do CEETEPS causa um impacto, em tempos de economia  estabilizada, mas não esclarece que as perdas já somam mais de 70% e também que é impossível se alimentar com um vale-refeição de R$ 4”, explicou o deputado Antonio Mentor.

Neste mesmo sentido, o deputado João Paulo Rillo falou do desprezo dos tucanos com a saúde, educação e segurança no Estado e comparou como, em contrapartida, o governo federal tem feitos grandes investimentos em São Paulo.

A deputada Telma de Souza disse que os deputados do PT irão lutar para fazer desse projeto o melhor possível, “pois valorizar o ensino técnico é dar um legado para os nossos jovens, neste momento em que o Brasil mergulha no caminho de saída da pobreza e que precisaremos de bons novos profissionais, para dar conta, por exemplo, de toda a riqueza do Pré-Sal”.

Participaram da audiência e manifestaram seu apoio às reivindicações dos profissionais do CEETESP, os deputados petistas:  Antonio Mentor, Hamilton Pereira, João Paulo Rillo, Marcos Martins, Donisete Braga, Enio Tatto, José Zico Prado e Telma de Souza.

 

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