Cotas raciais
USP pode ficar para trás, segundo professor
Congregação debate cotas, mas não avança
Se depender do Conselho Universitário, maior órgão de resolução da Universidade de São Paulo (USP), o assunto cotas será apenas debatido. Não há indicações que mostrem vontade da instituição em ampliar o acesso de estudantes oriundos de minorias étnico-raciais e pobres ao espaço. De acordo com o professor e integrante da Frente Pró Cotas da USP, Marcus Orione, a instituição está ficando para trás. Pessoalmente, e vendo a evolução da questão no país, acho que isto custará à USP, com o tempo, a perda de credibilidade enquanto instituição pública e de qualidade de seu ensino pois não dará o salto necessário para o enfrentamento das grandes questões nacionais, acredita. Outros oito projetos de lei para a criação de cotas raciais no ensino superior paulista estão na Assembleia Legislativa, onde o assunto também é deixado de escanteio.
Dados de 2010 da Fuvest, organização responsável pelo vestibular da USP, mostram que dos 10.622 ingressantes daquele ano, 25,5% ou 2.717 estudantes eram provenientes da rede de ensino público. Desses, 2,1% se autodeclararam negros. Em relação a 2012, a proporção foi de 28% e 2,6%. Eles acessaram o programa Inclusp, que garante uma bonificação de 3% nas notas do vestibular para alunos que cursaram escolas públicas. Números de 2012 do Anuário Estatístico da Universidade também reforçam a elitização. Nesse ano, dos 10.929 alunos ingressantes da graduação, 79% são brancos, 12% são pretos e pardos e 0,2% indígenas. A população do estado de São Paulo, entretanto, é composta por 41.262.199 milhões, tem 63% autodeclarados brancos, 34% pretos e pardos e 0,1% indígenas.
O estudante Paulo Martins de França, de 18 anos, estudou o ensino médio em escola pública e lamenta que a maior e mais conceituada universidade do Brasil não adote o sistema de cotas raciais. Uma forma de manter uma universidade para as elites, segundo ele, que vai prestar o curso de Letras na USP este ano. Se passar, espera ter espaço para pesquisar e construir conhecimento. O aluno deve resolver problemas complexos, relacionados à realidade em que vive, afirma.
fonte: jornal Brasil de Fato